Entre o visível e o invisível, alguns tensionamentos entre o campo social e a Educação Patrimonial Contemporânea

Autores

  • Itamar Ferretto Comarú Secretaria da Cultura de Caxias do Sul/RS; Universidade de Caxias do Sul/UCS
  • Fabiana Ferreira Santos Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Universidade de Caxias do Sul (UCS)

Palavras-chave:

Educação Patrimonial, História Urbana, Patrimônio Cultural

Resumo

A abundância de percepções relacionadas às culturas africanas, indígenas e imigrantes, com suas relações de memória, sentimentos, tradições, crenças e possibilidades educativas, estendem-se aos mais diversos campos da sociedade. A comunicação de tais culturas, por vezes, seria assinalada com alguma subalternidade ao longo dos espaços educativos tradicionais, nos mais diversos locais de memória ou no próprio fluxo social diário. A contraposição ante a subserviência aplicada às práticas e representações culturais, a hierarquização dos capitais simbólicos, a consagração legitimadora aplicada aos patrimônios culturais concebidos como dádiva pelas elites dominantes, o exercício do poder simbólico feito visível sobre o campo educativo cultural e patrimonial levaria a exigência de um outro olhar sobre tais existências e representações. O patrimônio cultural, assim, longe das passividades cristalizadas, surge como agente simbólico do movimento humano que se entrecruza entre mundos sociais distintos, mas compartilhados, mundos em contínuo movimento. Assim sendo, o presente artigo é parte de um estudo maior, dedicado a analisar a presença afro-ameríndia em terras colonizadas por imigrantes europeus na região Nordeste do Rio Grande do Sul. Ambiciona-se, por meio do paradigma indiciário e dos pressupostos teóricos da história cultural, colaborar para que os capitais simbólicos e culturais de tais grupos sejam igualmente percebidos como relevantes em tal espaço, tradicional e pedagogicamente identificado como de imigração italiana.

Biografia do Autor

Itamar Ferretto Comarú, Secretaria da Cultura de Caxias do Sul/RS; Universidade de Caxias do Sul/UCS

Graduado em História pela Universidade de Caxias do Sul (2008), mestre em Turismo (2011) e doutor em Educação (2020) pela mesma Universidade. Especialista em Educação Patrimonial pelo Instituto Pretos Novos/RJ. Atualmente é responsável pela diretoria de Museus e Memória - SMC da cidade de Caxias do Sul/RS. É membro titular do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural (COMPAHC) e representante suplente da Comissão Municipal de Incentivo à Cultura (COMIC).

Fabiana Ferreira Santos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Universidade de Caxias do Sul (UCS)

Historiadora. Museóloga. Mestranda em Museologia/ UFRGS, Mestranda em Educação/UCS, pós-graduada em Educação Patrimonial. Especialista em Metodologia do Ensino de História e Geografia e Educação Especial em Deficiência Intelectual e Múltipla. Suplente no Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural e do Conselho Municipal da Comunidade Negra de Caxias do Sul - Gestão 2021/2023. 

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Publicado

2022-07-18

Como Citar

Ferretto Comarú, I., & Ferreira Santos, F. (2022). Entre o visível e o invisível, alguns tensionamentos entre o campo social e a Educação Patrimonial Contemporânea. Revista Caliandra, 2(1), 7–16. Recuperado de https://anpuhgoias.com.br/revista/index.php/caliandra/article/view/15