Reflexões sobre a gestão compartilhada em coleções etnográficas indígenas e afro-brasileiras

Autores/as

Palabras clave:

Coleções etnográficas, patrimônio afro-brasileiro, patrimônio indígena, gestão compartilhada

Resumen

O presente artigo discute a gestão de coleções institucionalizadas cujos objetos são provenientes do sagrado afro-brasileiro e indígena, sendo sua formação geralmente vinculada a processos de violação e/ou a relações assimétricas com instituições e pesquisadores. Após a Constituição Federal de 1988, tornou-se possível a realização de um debate amplo sobre a formação destas coleções, o que desencadeou processos de gestão compartilhada. Desse modo, o texto busca compreender parte destas experiências, assim como discutir as problemáticas que envolvem a sua realização.

Biografía del autor/a

Juliana Cintia Lima e Silva, Doutoranda no PPGAS - Museu Nacional/UFRJ

Doutoranda no PPGAS - Museu Nacional/UFRJ. Integrante do Comitê de Antropólogas/os Negras/os - ABA, do Comitê de Patrimônios e Museus - ABA e do LUDENS - Laboratório do Lúdico e do Sagrado PPGAS/MN. Possui Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco (2010) e Mestrado em Antropologia pela Universidade Federal de Pernambuco (2013). Atua como Banca Avaliadora de Cotas para Negros junto à CESPE/UnB. Articuladora Social do Coletivo de Mulheres Negras Filhas do Vento.

Fernanda Lé de Oliveira, Casa Guilherme de Almeida

Graduada em Gestão de Turismo pelo Instituto Federal de São Paulo (2014). Técnica em Museologia pela ETEC Parque da Juventude (2017). Atualmente, é Coordenadora Operacional na Rede de Museus-Casas Literários de São Paulo (2023-).

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Publicado

2024-07-30

Cómo citar

Lima e Silva, J. C., & Lé de Oliveira, F. (2024). Reflexões sobre a gestão compartilhada em coleções etnográficas indígenas e afro-brasileiras. Revista Caliandra, 3(1), 49–66. Recuperado a partir de https://anpuhgoias.com.br/revista/index.php/caliandra/article/view/56