Identificação, preservação e gestão do patrimônio cultural em Mato Grosso
trajetórias, avanços e desafios
Palavras-chave:
Patrimônio Cultural, gestão pública, Referências culturaisResumo
O artigo busca traçar os percursos das políticas públicas e dos instrumentos de preservação do patrimônio cultural operados pelo governo do estado Mato Grosso desde a criação de sua Fundação Cultural em 1975 até os dias atuais. A investigação sobre este itinerário objetiva identificar correspondências e dissonâncias entre as práticas de preservação do patrimônio cultural no estado e as tendências e diretrizes a nível nacional e internacional. Busca-se sistematizar informações contidas nos processos técnico-administrativos de tombamento e registro, num esforço de compreensão dos valores atribuídos aos bens culturais reconhecidos e suas relações com os avanços conceituais assegurados por marcos legais e outros instrumentos estruturadores de políticas públicas. A pertinência da pesquisa está fortemente associada à desproporção entre referências a alguns grupos formadores da sociedade representados nos bens culturais acautelados e a diversidade cultural existente no estado. Confirma-se uma tendência, não exclusiva de Mato Grosso, da valorização de bens materiais, sobretudo associadas a grupos e discursos hegemônicos, em detrimento de bens intangíveis ou imateriais. Verifica-se que outros grupos e dinâmicas de ocupação do território são insuficientemente representados no rol do Patrimônio Cultural de Mato Grosso, como povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas e suas contribuições para a cultura, através do reconhecimento de manifestações, saberes e práticas. Ademais, Mato Grosso tem uma ocupação pré-histórica e histórica bastante diversa e significativa, que reflete em representativo acervo arqueológico também pouco reconhecido e difundido. Espera-se que o desenvolvimento desta pesquisa associada a uma leitura crítica da prática de preservação de bens culturais por parte de gestores públicos, além da construção de informação e conhecimento, possa favorecer reflexões e avanços na preservação dos bens culturais já acautelados e nos bens a serem reconhecidos, norteando caminhos possíveis para uma gestão pública mais inclusiva, democrática e referenciada na diversidade cultural mato-
grossense.
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