Clube 13 de Maio e a população negra em Jataí
interfaces entre exposição, memória e museu
Palavras-chave:
Memória, Museu, ExposiçãoResumo
O Museu Histórico de Jataí - Francisco Honório de Campos (MHJ), fundado em 1994, tem contribuído para a construção de identidades, memórias e histórias que remontam o passado jataiense. Quanto às produções realizadas, consideramos haver um número relevante de exposições, cuja finalidade é narrar a História Local. Por conseguinte, a proposta deste artigo consiste em analisar a exposição “Clube 13 de Maio e os Negros e Negras na história de Jataí (2019)” e investigar as memórias, os silenciamentos, as experiências, os estereótipos e as contribuições de sujeitos negros(as) construídas na mesma. A partir do recorte realizado, podemos então situar a importância do Clube 13 de Maio para cidade e, também, da população negra local, tendo sua memória (re)construída em forma de exposição museológica. Além desses fatores, os museus empenham um papel voltado à preservação de memórias, demonstrando-se uma instituição apta a executar o papel do Estado como agente na garantia de preservação de memórias. Contudo, as narrativas contidas nestes espaços parecem privilegiar a população branca, “pioneira” e elitizada. Desse modo, entende-se que a preservação de determinadas memórias é resultado de ações políticas, que visam definir o que lembrar e o que esquecer (CUNHA, 2017, p.80). Ou seja, é preciso que os lugares de memória (NORA, 1993) reflitam acerca da produção e valorização das experiências e trajetórias positivas do viver negro para além das noções de subjugação, inferioridade e redução das experiências de vida da população negra no contexto da escravidão.
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FONTES
EXPOSIÇÃO “CLUBE 13 DE MAIO E OS NEGROS E NEGRAS NA HISTÓRIA DE JATAÍ – 2019. ACERVO: MUSEU HISTÓRICO DE JATAÍ.
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