O Museu das Remoções e a resistência da comunidade da Vila Autódromo no Rio de Janeiro

Autores

Palavras-chave:

Rio de Janeiro; megaeventos; Vila Autódromo, Museu das Remoções; memória coletiva

Resumo

O artigo analisa a criação do Museu das Remoções como uma das estratégias de resistência da comunidade da Vila Autódromo às tentativas de remoção, no contexto dos megaeventos na cidade do Rio de Janeiro. Por meio de análise qualitativa, lemos a realização do Museu das Remoções como um processo de disputa pela memória coletiva e do direito à cidade. Nosso estudo nos sugere que a cultura e a memória vêm sendo lida como uma esfera de realização de direitos por parte de movimentos sociais urbanos mais recentes.

Biografia do Autor

Gabriel Cid, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutor em Sociologia, mestre em Planejamento Urbano e Regional, com graduação em Ciências Sociais e História, atualmente em estágio de pós-doutorado (FAPERJ - Pós-doutorado Nota 10), no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Tenho experiência como docente, pesquisador e consultor, privilegiando os estudos em Sociologia e História da Cultura e atuando nos seguintes temas: memória coletiva, políticas culturais, patrimônio cultural, memória afro-brasileira, cultura popular, territorialidades, segregação urbana, segmentação escolar e metodologia da ciência.

Valéria Toledo, Fundação Oswaldo Cruz

Mestre em Ciências Sociais pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Bolsista Treinamento e Capacitação Técnica – FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro.

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Publicado

2024-07-30

Como Citar

Cid, G., & Toledo, V. (2024). O Museu das Remoções e a resistência da comunidade da Vila Autódromo no Rio de Janeiro. Revista Caliandra, 3(1), 109–125. Recuperado de https://anpuhgoias.com.br/revista/index.php/caliandra/article/view/54