Chamada para submissão de artigos dossiê “Alguma poesia aí? Algum poema aí?”
“ALGUMA POESIA AÍ? ALGUM POEMA AÍ?”.
DOSSIÊ PARA TEXTOS POÉTICOS SOBRE A HISTÓRIA.
- Dr. José D’Assunção Barros (UFRRJ/PPGH-UFRJ)
- Dra. Danieli Machado Bezerra (UFF)
Escrever temas sobre a História exige um aprofundamento teórico, metodológico, complexo e bastante reflexivo. Mas como poderíamos pensar em escrever sobre a História a partir das emoções evocadas pela poesia e ou da liberdade criativa típica do poema?
A poesia – poiesis para os gregos antigos – é uma manifestação popular de arte que traduz a realidade através da imaginação, das emoções e dos sentimentos, como pontua Aristóteles em sua mimesis. Ela é atravessada pela linguagem. A História é linguagem antes de ela acontecer. A poesia e os poemas também são produtos da linguagem. Mas, sobre o que eles falam, sobre o que pretendem comunicar? História e Poesia, cada uma ao seu modo, também são registros de um tempo que têm muito a nos contar.
Esse dossiê pretende reunir poesias e poemas que traduzam a História a partir do lirismo poético. Desse modo, teremos muito o que aprender sobre o tempo revelado nas manifestações poéticas de seus autores. Onde estão essas poesias e poemas que revelam angústias de histórias não contadas, não reveladas? Onde estão esses versos nos quais os temas ligados à História podem se encontrar com a linguagem poética? Estarão guardados dentro de envelopes mofados e amarelados em gavetas de armários? Esse dossiê é uma evocação ao resgate das memórias guardadas e tímidas de seus autores. O espaço proposto é um convite para limpar a poeira existente nos cadernos de poesias e de poemas que estão guardados.
O jovem Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) não tinha ideia de que os poemas compilados em seu livro intitulado Alguma Poesia um dia conformariam um grande clássico canônico da literatura brasileira modernista traduzida em seus 49 poemas escritos entre os anos de 1925 e 1930. Em trocas de cartas com seu amigo poeta, Mário de Andrade (1893-1945), Carlos Drummond seleciona alguns de seus poemas e paga pela impressão de 500 exemplares em sua primeira edição de Alguma Poesia editado pelo selo das Edições Pindorama.
Como no exemplo citado, de nosso poeta Itabirense, Alguma Poesia é um livro revelador cujo principal traço é herança do movimento modernista dos anos de 1930. Nele, encontramos as contradições de um universo complexo que traduz os antagonismos da vida na cidade e no campo, o universo burguês e o camponês e tudo que envolve essas contradições. Portanto, estes poemas são reveladores de quem somos, como somos, o que pensamos e o que fazemos em um determinado tempo. No lirismo drummondiano, revela-se uma compreensão sensível e crítica do nosso modus operandi e sobre o mundo que nos é revelado.
Esse espaço é seu, poeta, poetisa que muito têm a nos dizer com suas poesias e poemas guardados. Há Alguma Poesia aí, parafraseando o título do livro do Drummond? O que ela nos revela sobre a História e sobre você? Abra sua gaveta do armário e as pastas com suas poesias e poemas guardados. Toc, Toc, Toc...Tem poesia aí? Tem poema aí?
A revista Caliandra convida neste momento aqueles que desejem participar do dossiê “Poesia e História”. A proposta é para a inscrição de poemas – textos em forma poética – que estejam diretamente relacionados à História. Pode ser tematizada a História como campo de saber, ou a História como campo de acontecimentos. O Dossiê selecionará os melhores poemas enviados, conforme a análise dos pareceristas. A exigência básica é a escrita em versos, com espírito poético, podendo ser poemas livres ou estruturados como desejar o seu autor. Recursos habituais à linguagem poética podem ser empregados à vontade, conforme o estilo de cada autor. Os poemas podem ter de uma a três páginas. As inscrições estão abertas até 03 de outubro.
Prazo de submissão: 03 de outubro de 2024.