REVISAR O PASSADO E NEGAR A HISTÓRIA
O MEME COMO USO POLÍTICO DO PASSADO
Resumo
O presente artigo é um recorte da pesquisa em desenvolvimento no Programa de Mestrado Profissional em Ensino de História, ProfHistória – UFPB. No Brasil, identifica-se um cenário de disputas de narrativas sobre o passado que contestam e relativizam períodos sensíveis da história nacional, como a Ditadura Militar (1964 – 1985), chegando até mesmo a negar evidências e acontecimentos históricos. Tais ideias históricas são amplamente veiculadas em mídias digitais contemporâneas, como os memes. Considerando que a formação da consciência histórica de jovens estudantes não ocorre somente com a escolarização formal, torna-se imprescindível compreender o conteúdo, a produção e a difusão de usos do passado e de ideias históricas sem respaldo acadêmico em outros contextos de aprendizagem, como a web. Diante disso, este trabalho tem como objetivo analisar os usos do passado e a ideia de Ditadura Militar brasileira (1964-1985) em memes de internet, especificamente aqueles que veiculem abordagens revisionistas, negacionistas e falsificadoras da história. O estudo será fundamento na Didática da
História, sobretudo em autores como BERGMANN (1989), CERRI (2001, 2010), SADDI (2012, 2014) e RÜSEN (2001, 2011). Para alcançar o objetivo em questão, apresentarei e diferenciarei conceitos e abordagens acerca do revisionismo historiográfico, do
negacionismo e da falsificação da história. Logo após, analisarei os sentidos históricos acerca da Ditadura Militar subjacentes nos memes em questão. Por fim, com base na teoria da história de Jörn Rüsen, discutirei a relação entre verdade, narrativa histórica e orientação na vida prática em um contexto de propagação de negacionismos, revisionismos e discursos autoritários. Tal finalidade será alcançada por meio de metodologias qualitativas de análise de conteúdo com viés interpretativo.
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